O dia nasce. Milhões de pais Brasil afora preparam carinhosamente seus filhos para o trajeto que enfrentarão rumo ás baciadas de jogadores, em busca de um lugar ao Sol em algum time do Brasil. Baciadas ou peneiradas, escolha o nome. Alguns deles conseguem ter um dia de sorte, um bom contato, ou qualquer outro motivo e conseguem avançar na busca por um lugar ao Sol.
O mesmo dia nasce para uma brasileira de 25 anos, no interior de Pernambuco, desempregada. Estudou apenas até completar o 1º. Grau, e olhe lá. Seu sonho é conseguir receber um salário mínimo. Até agora, nas casas que trabalhou, conseguia no máximo trezentos ou quatrocentos reais, com os patrões contrariando a lei, e a brasileira, de 25 anos, aceitando porque não tinha outra opção.
Saindo dos confins nordestinos para o ar condicionado de um escritório em São Paulo, temos agora o auxiliar administrativo de um banco importante do país. Acaba de se formar em uma boa faculdade, mas com o que ganha, não consegue ainda morar sozinho, fora da casa dos pais, seu maior sonho no momento.
Falamos aqui de três cenários: futebol profissional, atividades domésticas e carreira em grandes empresas. Cada um com sua realidade de ganhos, construída por uma série de razões que a história emoldurou. Para ser o melhor em cada um destes cenários, é preciso ser muito bom. É preciso ter mais qualidades, mais garra, mais sorte, mais tudo, em relação a seus colegas de profissão. A história emoldurou os ganhos de cada cenário. É preciso lembrar disso.
Entre profissionais do futebol, existe uma elevação dos ganhos nas últimas três décadas sem momento definido para parar. O jogador Cristiano Ronaldo, maior salário atual do futebol mundial, recebe R$2,230 milhões por mês, fora os patrocínios pessoais.Mas é uma carreira curta, que raramente ultrapassa os 20 anos de duração.O jogador precisa juntar o dinheiro de toda uma vida neste curto espaço de tempo.
O cenário das atividades domésticas tem como topo para uma profissional que a escolha, quem sabe, o cargo de governanta de uma família altamente abastada. Conseguindo um salário de R$5 mil mensais, quem sabe. Pode trabalhar até se aposentar. E dependendo da relação com os patrões, se este for seu desejo, trabalha até cansar ou ficar bem velhinha.
Já um executivo do setor bancário, que consiga chegar ao nível de presidente de um dos grandes bancos do país, abocanha R$1,1 milhão por mês. Mas diferentemente do jogador de futebol, consegue manter estes ganhos, em seu auge, por mais tempo.
Com estes três cenários diferentes em análise, presto agora uma homenagem a um profissional que chegou ao topo de sua profissão. Sob a perspectiva de um torcedor, bastava ele entrar em campo para ser um motivo suficiente para que eu desistisse de todos os outros canais de televisão, só para vê-lo em ação. Em qualquer um de seus 17 anos de carreira. Obrigado, Ronaldo.
Ao escolher estes três cenários, pensei justamente naquelas discussões iniciadas quando alguém diz que Ronaldo tinha que parar mesmo, pois já teria acumulado R$600 milhões de patrimônio. Alguns citam isso com uma ponta de inveja.Ou pontona. Outros acham isto injusto. Pois convido-os para continuar esta discussão. Ronaldo esteve no topo de sua profissão por no mínimo 3 anos, se levarmos em conta os prêmios oficiais FIFA de melhor jogador do mundo em determinado ano. Muitos o colocam na seleta galeria dos dez melhores da história. Passamos a outro profissional no topo de sua profissão: Steve Jobs. Uma pessoa altamente criativa, sensacional, que tiro o chapéu muitas vezes. Tem hoje uma fortuna que beira os 10 bilhões de reais. Não é merecido que a tenha? Porque teria mais ou menos méritos que a governanta top?
Ronaldo, Steve Jobs, a governanta top, o presidente do maior banco do país. Todos eles estão no topo de suas profissões. A meu ver, todos eles deveriam ser bilionários. Muito merecidamente. E no final, fazer como Bill Gates: doar mais de 90% do que ganharam ás causas mais nobres do mundo. Só assim o mundo não acabará.Uma pessoa sozinha não consegue tempo suficiente na vida para gastar bilhões. Como concluiria outro gênio do futebol , o canhotinha de ouro Gerson, “tá certo”?