Hosni Mubarak. Já perceberam que para ser um comandante de regime autoritário é preciso ter um nome altamente sonoro e distinto? Tirando Hugo Chávez, claro, que é um nome bem normal para um sujeito muito bobinho. Mas, os outros? Fidel, Sadam, Hosni, Muammar. É quase regra. Só pode ter uma explicação: crescendo revoltados com seus nomes, descontam toda a fúria no povo, comandando um autoritarismo caricatural.
Neste momento no Egito, um deles, o Hosni, confronta milhares de manifestantes que exigem sua saída do poder, depois de 30 anos. Prevendo o aquecimento da batata para o seu lado, já providenciou a saída estratégica de sua família para uma de suas propriedades, esta na Grã Bretanha, cujo valor estimado rodeia os 8 milhões de libras. Isso é “pra lá” de 20 milhões de reais. Vamos analisar como anda o mundo? Peguemos meu “Relasônico”, um novíssimo meio de transporte supersônico trabalhando para a causa do “relativo”. Sua missão é provar que tudo é relativo. Do Egito, adentramos esta geringonça nunca antes vista pela humanidade, para depois de 15 segundos chegarmos ao estado australiano de Queensland, onde o Ciclone Yasi tem feito um estrago relativizado pela capacidade administrativa e organizacional do governo da Austrália, que já evacuou milhares de pessoas de tantas cidades, a maioria concentrada em ginásios e centros de convivência social. Estamos chegando ao fim do mundo, só pode ser. Mas, depois de mais 15 segundos de viagem, o super potente Relasônico nos leva à cidade baiana de Lençóis, na Chapada Diamantina. Cenários maravilhosos, capacidade de escutar os pássaros a qualquer hora do dia, conversas fiadas no meio da rua sem passar carros. A vida continua funcionando muito bem, a beleza continua fluindo. É tudo muito relativo. E para isso serve o Relasônico, que nos leva agora para a minha cidade natal, Araxá. O ponto de parada escolhido por ele foi a Rua Presidente Olegário Maciel, a Boa Vista. O veículo, depois de levar 15 segundos para mais uma mudança de ares interestaduais, leva dois minutos para percorrer 500 metros. Mas dentro do veículo tinha um cidadão de Aracaju, Sergipe. Ele observa atentamente as conversas dos cidadãos araxaenses. Tudo é relativo, ele pensa na hora. Pois acaba de ouvir uma reclamação sobre o “congestionamento” do centro da cidade mineira. Quase não acreditando, ele interfere na conversa para relatar os dez minutos que ele leva para percorrer cinco quilômetros em sua cidade. Cada um dentro de sua certeza local, até chegar um paulistano na roda. Ele lembra aos participantes do de repente criado debate sobre trânsito que para chegar a sua casa ele vibra quando consegue percorrer dez quilômetros em meia hora. O Relasônico, percebendo o entendimento do grupo, decide ampliar sua capacidade de armazenamento de seres humanos em seu interior para 10, e gasta mais 15 segundos para levar todos a um estádio no Peru, a cinco minutos do final da partida derradeira do Corinthians na Pré-Libertadores, onde o clima de desespero já toma conta do elenco, em campo, e da torcida, em volta dele.
Tudo é relativo. O mais novo e moderno meio de transporte do universo resolve incluir Ronaldo e um torcedor revoltado da Fiel entre os passageiros, leva todo mundo para o Estádio do Engenhão, onde Ronaldinho Gaúcho fazia sua estreia pelo Flamengo. Só alegria. Tudo é relativo. Depois do Ronaldão aprontar um cascudo no Ronaldinho por não ter aceito sua proposta para ser seu colega de time, o Relasônico resolve acabar com a brincadeira estelar, leva todo mundo para o interior do Sergipe, onde para por algumas horas para descanso e reposição de peças. Sem ter hotéis cinco estrelas ou o conforto de suas casas nos mais variados lugares, a turma reunida para em um boteco e come uma carne de sol regada a muita água de coco e prosa. Alegria no meio da seca. Tudo é muito relativo.
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