Quero parecer hoje um escritor de auto-ajuda. Quero escrever sobre o simples.Quero ser Paulo Coelho ou o Pai Rico. Criar, inventar, inovar, tudo isso requer muito talento e dedicação. Mas escrever sobre os temas mais comuns da vida pode se tornar uma armadilha móvel, caso não retiremos da cabeça aquela pretensão toda da imortalidade. Pensando nesta última palavra, a imortalidade, resolvi escrever sobre o tema de hoje. Sobre as escolhas. Um tema que vinha crescendo em minhas caminhadas diárias e que agora precisou ser colocado aqui.
Vamos desde o primeiro momento de nossas vidas. Ele só aconteceu porque nossas mães não optaram pelo aborto. Aqui estamos. Na infância, podemos nos tornar seres cruéis com nossos irmãos, aplicando golpes baixos nas partes reprodutoras deles por anos a fio. E a culpa só finalizar quando nascer o primeiro sobrinho. Mais para frente, a escolha entre o último carrinho (que antigamente era da MatchBox, e agora pode até ser dela mas geralmente é da Hot Wheels) e a primeira namorada tende a chegar entre os treze e quinze anos, mas pode ser antes ou depois. Uma questão de escolha, ou timidez. Ou várias outras opções, mas para isso eu teria que escrever um texto enveredando para a psicologia, que não é a minha área.
Uma conversa comum no Brasil é a de que um mendigo-pedinte não tem escolha. Será que não mesmo? Será que nunca passou na vida dele uma alma sequer, para sugerir um outro caminho? Para quem puxa conversa com os “profissionais” do setor de guarda de vagas de estacionamento na rua, mais uma limpadinha no vidro, é muito raro que uma sugestão destas de mudar o mundo consiga mudar a cabeça dele. Não são poucos os relatos de “profissionais” deste ramo que chegam a ganhar um salário mínimo por mês, até dois ou três, com a atividade. Melhor que roubar, dizem eles. Se é que a cobrança agressiva para um ser mais desprotegido já não seja caracterizada por roubo...
O amor por uma profissão precisa sempre passar pelo tema das escolhas. Um escritor, músico ou pintor, jamais chegará á imortalidade de sua obra, se objetivar apenas isto. Sem o prazer de pintar, escrever ou compor, não conseguirá chegar a lugar nenhum. E que lugar é este? John Lennon e um músico que tenha falecido após tocar quarenta anos em barzinhos, ambos jazem debaixo da terra. O segredo da escolha não é compor maravilhosamente bem, para que as pessoas lembrem de você depois de sua morte.Pode até ser para alguns.A escolha pode ser pela qualidade de vida, ou por fazer o que gosta. Mas pode passar também por ser profissionalmente perfeito. O segredo da escolha é...tá aí, se eu soubesse, não precisava mais fazer escolhas.
Algumas pessoas escolhem afastar de perto outras pessoas que ainda poderiam compartilhar amor com elas por muitos anos. Mas a vida pode ter dado a elas um teor maior de grosseria ou orgulho, e elas simplesmente não conseguirem escolher o caminho do perdão. Outras pessoas perdoam até bandidos.São as escolhas, que estão por toda a parte,em todos os lugares, em todos dias, anos e séculos de nossas histórias.Para Muamar Kadafi, que recebeu tanto do poder, por tantas décadas, bem que poderia surgir entre seus neurônios a escolha de poupar vidas de cidadãos que por tanto tempo toleraram-no, ou até apoiaram-no á frente da Líbia.Para os encarregados pela educação universitária de Araxá, bem que poderia surgir a escolha de escancarar todas as portas de seu comando, para qualquer investigação. Parece que isto está sendo feito. Pelo menos para quem está de longe, como é o meu caso.
Vou continuar acompanhando. Ao som das palavras de um programa matinal de rádio, feito pelo governo do Estado, que escuto todos os dias ao levar os filhos na escola.Este programa, mesmo sendo da rádio do Estado, cutuca nas próprias feridas, diariamente. Todos ganham com isso. Araxá poderia copiar mais este modelo.
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