O ar está mais limpo. Os fumantes não podem mais acender seus cigarros dentro de bares. O ar está mais sujo. As indústrias continuam usando o tempo como se fosse uma vitória pra prolongar seus tempos como poluidoras. Não precisa disso. É possível poluir menos, mais rápido. Eu quero um carro elétrico. Eu quero um carro movido a Sol. Mas que seja competitivo. Não quero ser conhecido como o senhor tartaruga. Não quero ser conhecido como o senhor idealista. Um bom ideal precisa ser como arroz e feijão. Um bom ideal precisa ser para os mineiros como um bom torresminho ou sua música sertaneja. Algo fácil de se ter, de se adotar no dia a dia. E não te gera um colesterol mais alto. Não te gera uma cultura bitolada.
O ar está mais limpo. Não tenho que suportar mais garganta cortando no meio de um show, porque alguém tragou. Não preciso mais dizer que minha roupa estragou. Não preciso, pois nem precisarei comandar minha roupa direto ao tanque, cheia de fumaça. Nunca entendi o motivo primeiro de um sujeito ao levar um cigarro na boca. Até que antigamente era mais compreensível, pois anúncios publicitários recheados de médicos sugerindo o uso de cigarros era praxe. O ar está mais sujo. É preciso sair de um ambiente em algumas vezes, pois o ambiente se suja de pessoas ocupando seus tempos falando mal de outras. Falta aí um objetivo definido. Conseguir comprar. Conseguir formar os filhos. Conseguir deslanchar sua pequena empresa iniciante. O ar está mais sujo e não se pode culpar simplesmente uma cidade pequena. Ou culpar Araxá. O ar está mais limpo. Aquele que falava de outros aprendeu a olhar pra dentro de si. Aquele que falava mal por quatro horas seguidas aprendeu a ajudar no Tadeu. Aprendeu a ocupar seu tempo com uma atividade física ao ar livre. E se apaixonou com a endorfina. E antes que as esposas reclamem, muitas delas se apaixonaram com a endorfina. Vivem de amores por esta substância química que não faz mal. Generosa que é, vive composta por 31 aminoácidos. E você que se apaixonou por ela, não se preocupe. Os aminoácidos não são seus concorrentes, estão dentro de você.
O ar está mais limpo pois as empresas madeireiras estão aprendendo cada vez mais a utilizarem-se das árvores de forma sustentável. O ar está mais sujo pois muitos ainda burlam as leis sem a preocupação da manchete negativa de um jornal. O ar está mais sujo pois não é mais possível assistir ao jornal da oito e conseguir uma boa digestão. Ele nos dá a impressão de um inferno real na Terra. Seus editores desaprenderam a falar do bem, de forma majoritária. Existem alguns espaços. O ar está mais limpo pois na Internet você escolhe as boas notícias. Na Internet você consegue sentir o ar mais sujo quando não consegue se expressar de forma correta em uma série de e-mails. Perdemos preciosos minutos e rusgas desnecessárias. O ar está mais limpo pois ajudamos pessoas a acharem outras. Achamos nossas almas gemas na grande rede. Aumentamos o faturamento de nossas empresas através de simples ações no Facebook, o tal do Facebook. Aumentamos nossas relações esquecidas de amizade ao jogarmos um Farmville, ou qualquer outro joguinho, onde um lembra do outro, muito antes do Natal. E o Natal, ah, ele também fica mais feliz.
O ar está mais limpo, o ar está mais sujo, o ar está mais colorido, o ar está mais comestível no algodão doce, o ar está mais pesado, o ar está mais do jeito que queremos. Eu quero sempre achar o ar que mais combina comigo. O ar do mar, o ar do sertão, o ar apaixonado de quem deseja viver intensamente, o ar da mulher que amo sempre mais do que a um segundo atrás. O ar das amizades verdadeiras. O ar de ver casar quem se ama de verdade, e não quem casa por casar. O ar enfeitado pelo cheiro de uma picanha na tábua chegando. Ou o ar de paz de uma peça de sushi. O ar quente de uma piscina das Termas. Ou de seu clube favorito. O ar. O ar. O Araxá.