A sereia número 3 estava dando uma limpeza geral em seu quarto quando Ana Jacinta chegou com Olavo. Para os leitores do mundo aqui de cima, seu quarto fica situado exatamente debaixo da ponte da “ ilha do amor”, da Lagoa do Barreiro. Talvez por isso seja a sereia de modos mais simples. Maria Helena recebeu Olavo com um sorriso global, destes que abrangem todos os cantos do quarto, e que se possuísse raios-ultravioleta, expandiria mansão afora. Talvez atingindo até alguns peixinhos. Dentro de seu quarto, Maria Helena mostrou a Olavo seu objeto mais precioso: um tapete persa de muitos metros, que percorria todo seu quarto. Diz a sereia que achou este tapete quando assistia a um ex-governador de Minas Gerais, do alto de sua escondida embriaguez, entregar o tapete ás águas da Lagoa do Barreiro, enquanto bradava que não merecia tapete vermelho estendido para sua insignificância. A sereia tratou de recolhê-lo logo, antes que o enorme mamífero ex-governador pensasse duas vezes. Coisas passíveis de se acontecer por uma embriaguez.
Depois de uma rápida prosa, Olavo despediu-se de Maria Helena e foi logo segurando no braço de Ana Jacinta. “ Você vai me apresentar a todas as 34 sereias? Qual é o seu plano final? Transformar-me em Rei do Fundo da Lagoa?”, perguntou ele. Após um silêncio de 10 segundos, pensando charmosamente na resposta, Ana Jacinta devolveu uma resposta fulminante, olhos nos olhos. “ Olavo, eu acompanhei toda sua trajetória em Araxá. Acredite, estive presente em muitos eventos seus. Dentre todos araxaenses, escolhi você para ser meu dono. Pela sua reação, sei que você ainda não absorveu esta minha decisão. Mas eu soube me preparar, tanto psicologicamente quanto tecnologicamente, para te segurar. Eu nunca tive dono. Você, se tudo der certo, será o primeiro. E para isso, preciso lhe apresentar meu mundo”, concluiu Ana Jacinta.
Olavo acelerou seus passos, quase se conformando. Não sabia exatamente como situar sua história a partir desse momento. O quarto da sereia número 4 era o próximo.
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